sexta-feira, 30 de setembro de 2011

" No iníco era verbo... "

" No iníco era verbo, e o verbo se fez carne..."
    Ah, como dói a carne! Como dói a existência de meus dias. Estar nessa vida sem acreditar em algo melhor após ela é estar aqui só por diversão. Carrego em mim a grande necessidade de acreditar em algo que ainda está por vir...
Em meu pouco tempo de vida, não sei qual é o caminho; mas penso também que isso não é uma questão de tempo,pois, ao conversar com pessoas mais vividas, com mais experiências, sinto no falar delas que as mesmas também não sabem o caminho. Acho que só quem sabe o caminho mesmo é quem está por lá.
Pense comigo leitores, um lugar de onde quem volta não pode lembrar o caminho... deve realmente ter algo de muito especial nesse lugar!
    Tenho anseio por esse lugar... mas ao mesmo tempo sinto medo. Não sei o que me espera; não digo medo quanto a ser bom ou ruim, pois, acho que isso vem da concepção de cada um, mas meu medo vem da hora em que isso acontecerá. Quero tanto conhecer, estar num lugar melhor, mas será mesmo que estou disposto? Nós, seres humanos, tendemos durante toda nossa vida a apegar-nos às coisas materiais e às pessoas(quando digo pessoas, vele a pena lembrar também dos que se apegam às imagens das mesmas).
Muitas vezes me perco na complexidade de meus ser. Quero ser tudo, mas quando chego próximo ao tudo que idealizei... me sinto tanto nada!
    O que nos resta amigo, é sustentar nossa fadiga diária. É plantar pra colher e lutar pra conquistar.
Ah... como dói a carne! Como dói ser carne! Não questiono essa dor, deve haver um porque; um porque que vai muito além das escrituras ditas sagradas.
    Enquanto isso, me resta ser carne e conjugar esse eterno verbo sem denominação que carrego junto à primeira pessoa de meu ser.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Abismo...

    Caminhei durante anos num chão onde eu não podia pisar com todo o meu pé, porque ali não havia segurança alguma. A secura de minha boca se comparava à de meu peito, que doía e ardia numa frequência muito além do Sol. Ah, grande Astro, insistes em iluminar os cantos mais perversos do Universo, mas não a  constante escuridão de meu órgão pulsante. Sim, ele pulsa; não sei se por alguém ou por algo, mas sinto-o pular em meu peito; faz-me tomar decisões das quais não quero e colher frutos os quais ainda não os posso ver se são bons ou não. Mas, não é hora de pensar a fundo nas consequências. Sinto que é hora de me lançar. Pois bem.
    Chego à beira do abismo, seu núcleo exala aromas agradáveis e músicas de bem estar, sinto vontade de me jogar sem medo quanto a onde irei parar; mas ainda não. Preciso sentir mais, ouvir mais, tocar mais com minha alma... alguns segundos me bastam, não quero esperar muito pra agarrar minha felicidade, preciso arriscar. Um pé...o outro... pronto! Esta feito!
Durante minha queda me envolvo nos sons e nos aromas, que juntos com minha'lma formam uma sintonia perfeita da qual não quero me soltar. Não consigo mais pensar, a complexidade de meu ser não é mais conteúdo que me agrade e que sustente minha fome do inabitável... estou com medo. Muito medo. Inseguro. Mas preciso me arriscar... me entrego.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ser Dependente

    Eu sempre me questiono a dependência do ser  humano. Eu o chamaria de Ser Dependente, e não de Ser Humano. Somos todos ligados à dependência desde o nascimento até à morte.
    Quando pequenos somos entregues à cega dependência dos pais e parentes, o que é essencial; mas isso já começa bem antes de nascermos, na escolha do nosso nome. Como podem escolher nosso nome sem nem ao menos saberem se nós vamos gostar dos mesmos?  Aí cito uma dependência dos adultos, a dependência do Sistema em que vivemos, das Leis e das mil e uma coisas burocráticas que nos cercam. Na escolha do nome do bebê, os pais já nos submetem à uma submissão Estatal(não é muito difícil entender, ou é?).
    Passamos pela fase de criança, quando apesar de um pouco crescidos ainda somos totalmente dependentes dos pais. Na adolescência é a fase em que queremos começar a ser independente; mas estamos errados.  Queremos ser independentes dos pais, do dinheiro deles, da vida deles; mas aí começam as dependências amorosas; nos envolvemos e nos entregamos. Meu caro, vá me dizer que nunca disse que o "fulano" é o amor da sua vida, ou que é tudo pra você?  Metaforicamente ou não, você sente.
    Na fase adulta nos tornamos dependentes do nosso trabalho, afinal de contas, você DEPENDE disso pra viver, precisa trabalhar, precisa se manter, pagar suas contas e juntamente, seus  impostos.
    Seguindo essa linha de pensamento a qual estou(estamos),  chego à conclusão de que a independência NÃO EXISTE!  Nós, Seres Dependentes, somos tentados e expostos à dependência de algo todos os dias, cada dia mais intensamente.
    Ah, Ser Dependente, desprenda-se do mundo, desprenda-se dos terceiros, desprenda-se de Ti! Dê-se asas e viva a tal "liberdade" que ao contrário do que diz o Gênesis, não nos foi dada, mas sim, roubada!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Querido sentimentalismo...parte 3

    Entendeste-me mal! Começou quando pedi-lhe que se aproximasse! Maldito sejas sobre as terras que pisastes! Tocou-me e se foi, tocou-me e me confundiu, tocou-me e fez mal a quem compartilhei de ti! Até quando brincarás assim comigo? Até quando terei eu de me enfiar em situações embaraçosas, para tirar a "pose" de vilão durão que me arranjastes?
    Ah querido Sentimentalismo, ainda assim diante de tudo o que me fazes, chamo-lhe querido, pois, gosto tanto de você, gosto tanto das confusões que me arranjas! Entendo que não posso me afastar de você, entendo perfeitamente agora, pois, tratando-se de você, falo de mim. Sim, querido Sentimentalismo, és nada mais que minha confusa imagem refletida no espelho.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não há paz

    Tentei encontrar a paz na religião, junto com ela veio a filosofia e só houve conflitos.
    Tentei nos animais, mas encontrei mais agitação que calmaria.
    Tentei encontrá-la em alguma pessoa, mas, essa pessoa se ia,e com ela, a mesma.
    Tentei encontrar no mundo coletivo, me veio o encômodo da convivência.
    Tentei encontrar nas àguas, porém, veio o vento e as agitou formando ondas as quais me sufocavam.
    Tentei encontrar na TV, mas o noticiário das 19h não me permitiu, anunciando suas guerras e a violência mundial.
    Tentei encontrá-la dentro de mim, aí veio-me a surpresa... aqui dentro é que não a encontrei de forma alguma!  Todos os lugares por onde passei procurando-a, deixou em mim "restos" de suas "informações", sendo assim, me vi longe desse sentimento de calmaria.
    Não há paz, porque minha constante mudança não me permite encontrá-la.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Querido sentimentalismo...parte 2

    Anteriormente, eu implorei por sua presença... me atendeste.   Você veio montado em alguém onde eu já o encontrara; pois bem... não fiquei feliz. Quis chorar, me rasgar por dentro e gritar com você que fica indo e vindo à mim e outra pessoa e quando sai de um a caminho de outro, não deixa nenhum sinal de que passara por ali.
    Eu olhei para sua vítima e quis abraça-lo,pois, em todo esse tempo de intimidade entre essas duas vítimas, não nos rendemos ao seu toque.  É certo que a outra vítima não o conhece; preciso apresentá-lo à ele bem assim, do jeito que o conheço.  Antes eu lhe pedi para que me abraçasse,porém, que deixe-me ir quando eu quiser; hoje, peço-lhe diferente: envolva-nos; envolva-nos de uma forma que não queiramos nos afastar, e por favor, não se afaste de nós.
    Eu lhe prometo que esse alguém saberá aceitar-te, basta lhe tocar assim, como tens me tocado.  Ah, querido a quem lhe escrevo, lhe abraçarei e beijarei seu rosto num bater sem fim do coração.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Querido sentimentalismo...

    Ah, eu o queria por perto por algum tempo. Está certo que em alguns estágios da vida eu não o quis, mas o que não entendo, é essa minha inconstância em querer-te por perto e isolar-me de ti. Vieste tantas vezes a mim, e eu o dispencei. Ao mesmo tempo que quero dançar contigo, quero também me lançar aos braços de seu oposto(o qual tem me consumido nos dias atuais); mas não reclamo da presença dele, pois, eu mesmo quem a cultivei.
    A desilusão, as palavras e gestos vazios de terceiros me fez ter esse desejo de repugnância a ti;  mas me fez bem, ah, me fez um bem incrível,porém, sou diferente de outros que conseguem conviver sem ti por décadas de vida. Sim, eis aí meu ponto fraco, quero sempre me apegar a ti e absorver tudo o que tens a me oferecer.
    Por favor, me perdoe por tantas vezes o questionar quanto ao seu modo de lidar com as pessoas e as consequencias que sua presença traz a cada um.   Por fim, tenho o desejo de algo que sustentei na garganta durante muito tempo antes de lançar-lhe esse anseio: ABRAÇA-ME sentimentalismo; abraça-me, porém, deixe-me ir quando me conver.